AULA-GESTAR 1. VERSÃO DO ALUNO


Aula 1

Uma estranha passageira
Você vai ler um texto cujo título é “A estranha passageira”. Antes, porém, vai fazer previsões
sobre ele. Depois da leitura, você poderá compará-las com os significados do texto.
Para fazer as previsões, considere as perguntas abaixo:
A história é mais voltada para a realidade ou para a ficção?
Por que será que a passageira é estranha?
Quem é ela?
É passageira de automóvel? Trem? Navio? Avião?
Quem será o narrador, isto é, quem conta a história?
Será sério esse texto? Ou engraçado? Ou triste?
Para saber, vamos à leitura!
A estranha passageira
1 – O senhor sabe? É a primeira
vez que eu viajo de avião. Estou com
zero hora de vôo – e riu nervosinha,
coitada.
2 Depois pediu que eu me sentasse
ao seu lado, pois me achava
muito calmo e isto iria fazer-lhe bem.
Lá se ia a oportunidade de ler o romance
policial que eu comprara no
aeroporto, para me distrair na viagem.
Suspirei e fiz o bacano respondendo
que estava às suas ordens.
3 Madama entrou no avião sobraçando
um monte de embrulhos,
que segurava desajeitadamente. Gorda
como era, custou a se encaixar
na poltrona e a arrumar todos aqueles
pacotes. Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive que realizar essa operação
em sua farta cintura.
4 Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo
às minhas custas, a zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora me
fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi
ficando ridícula.
5– Para que esse saquinho aqui? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que
parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.
6 – É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.
7 Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam
qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:
8 – Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?
9 Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar o lamentável
equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas ela era um azougue (embora
com tantas carnes parecesse um açougue) e não parava de badalar. Olhava para trás,
olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca
e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos para
todos os lados.
10 O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando
ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava
os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:
11 – Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só para ela?
12 Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência, isto
é, em caso de necessidade, saía-se por ela.
13 Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o término
do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir os jornais, revistas
ou se acomodarem para tirar uma pestana durante a viagem.
14 Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para
ficar do lado da janela para ver a paisagem) e gritou:
15 – Puxa vida!!!
16 Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse:
17 – Olha lá embaixo.
18 Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço. Olha só... o
pessoal lá embaixo até parece formiga.
19 Suspirei e lasquei:
20 – Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou vôo.

Preta, Stanislaw Ponte. Garoto linha dura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.
STANISLAW PONTE PRETA (pseudônimo de Sérgio Porto, 1923-1968). Cronista,
escreveu para jornais, rádio e televisão, criando uma galeria de personagens, por
meio dos quais satirizava a vida carioca e nacional.

 Principais obras: Tia Zulmira e eu;
Primo Altamirando e elas; O festival de besteiras que assola o país; Febeapá nº 2;
Febeapá nº 3; O distraído Rosamundo; Bonifácio, o patriota; País do crioulo doido; A
máquina de fazer doido.


Agora que todos conhecem o texto, poderão verificar se as previsões que fizeram
sobre ele, antes da leitura, confirmaram-se ou não. O professor vai ouvi-las e anotar no
quadro aquelas que se referem aos principais significados do texto.


Quem não gosta de ouvir ou ler uma história divertida, contada com graça e expressividade?

Stanislaw Ponte Preta divertiu seus leitores contando casos com muito humor, como
o que você acabou de ler.

E você, conhece alguma anedota, piada ou caso engraçado para contar em classe?

Conte, para que todos dêem boas risadas!


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