O DESEMPREGO TECNOLÓGICO
Relações no
trabalho
O problema mais grave destes
primeiros anos do terceiro milênio talvez seja a ameaça do chamado desemprego
tecnológico – o desemprego gerado pela combinação da utilização em grande escala
da tecnologia de informática e telecomunicações, aliada às novas técnicas como
meio de aumentar a produtividade das empresas, com a consequente redução da
mão-de-obra. Os estudiosos do problema costumam se dividir em dois grupos com
opiniões divergentes. De um lado, os pessimistas que pensam que a automação
eliminará rapidamente os empregos industriais e os de serviços. Consideram que
o desemprego global atingiu seu nível mais alto desde a década de 1930, com
mais de 800 milhões de pessoas no mundo desempregadas ou subempregadas.
Essas idéias costumam ser
refutadas pelos otimistas, que acreditam que a atividade econômica mudaria da
produção de bens para a prestação de serviços. O fim do emprego rural seria
seguido pelo fim do emprego industrial, em benefício do emprego do setor de
serviços. E este constituiria a maioria esmagadora das ofertas de emprego. A
nova economia aumentaria a importância das profissões com grande conteúdo de
informação e conhecimentos em suas atividades. As profissões administrativas,
especializadas e técnicas cresceriam mais rápido que qualquer outra, e
constituiriam o cerne da nova estrutura social. Assim, de acordo com o partido
“otimista”, não há nada com o que se preocupar: depois de um período de
ajustes, o fim de empregos nos setores convencionais seria compensado por uma
grande oferta de colocações. Essas colocações, no entanto, exigiriam alta
qualificação profissional.
A solução, portanto, seria
simples: aumentar o nível de escolaridade e a capacitação técnica da população.
Infelizmente, não é o que
se observa no dia-a-dia, e os números demonstram que o partido “pessimista” tem
razão. Até mesmo os “otimistas” concordam que para tudo dar certo é necessário
haver um “espetáculo do crescimento” em termos globais: se os governos não
forem capazes de intervir para reduzir as jornadas de trabalho, as
conseqüências seriam aquelas descritas pelos “pessimistas”.
Vamos analisar como cada
país deverá agir para se inserir na nova economia. A partir de discursos de
empresários e economistas, o que fica claro é o seguinte:
• É necessário o aumento de
produtividade mesmo à custa do aumento do desemprego, pois o superávit gerado
poderá ser usado para criar novos empregos.
• Alegam que a expansão do
comércio global faria com que essa competição entre nações não tivesse como
resultado uma “soma zero”, ou seja, o aumento da riqueza global.
Na realidade, faria com que
o superávit obtido por cada país fosse
maior a cada ano, de modo
que todos ganhariam.
• É aí que está o problema.
Porque o
que se observa é o
seguinte:
• As empresas se valem das
novas tecnologias para transferir empregos de seus países para outros onde a
mão-deobra é mais barata.
• O superávit obtido é
investido, cada vez mais, em tecnologias substitutivas de mão-de-obra em seus
próprios países.
• Os governos são cada vez
mais impotentes para influir sobre qualquer decisão importante que envolva a
economia
global.
Ora, uma das condições
absolutamente necessárias para o aumento da demanda é o aumento da renda das
populações. Mas o quesito básico para a inserção de qualquer país pobre na
economia global acaba sendo o de sua população permanecer pobre. Se os salários
e benefícios aumentarem, o país deixará de ser competitivo e sua população
voltará imediatamente à “exclusão”.
Para os países ricos sobra
a opção de transferir seus cidadãos de empregos com altos salários para
empregos terceirizados, temporários, de meio período, contratados por projeto
etc. Em todos os casos há redução de salários e/ou benefícios. Então fica a
pergunta: se a renda nos países ricos deve cair e nos países pobres deve se
manter baixa, de onde virá o aumento da demanda?
Apenas o consumo de luxo
será capaz de gerá-la?
Por outro lado, toda a
pressão política que vem sendo feita, tanto em países ricos quanto nos subdesenvolvidos,
é no sentido de uma menor interferência do Estado na economia. Quanto “menos
governo” melhor.
Por toda parte se fala em
desregulamentação, em flexibilização das leis trabalhistas etc. Outra pergunta:
de onde virá uma possível reação capaz de reduzir as jornadas de trabalho e não
o emprego?
Apesar de haver um aumento
das exigências em termos de educação e treinamento, a maioria dos profissionais
apenas consegue manter em parte sua renda. De outro lado, um pequeno grupo
passou a obter salários cada vez maiores e os empresários de sucesso fizeram
fortunas inimagináveis.
O aumento das desigualdades
gera conflitos sociais de todo tipo. É urgente reequilibrar as sociedades para
evitar os conflitos.
Quem poderá fazer isso? Os
governos e partidos políticos atuais? Será possível fazê-lo por meios pacíficos
e institucionais?
Essas são de fato as
perguntas mais importantes, cuja capacidade de resposta dependerá futuro das
novas lideranças políticas e sociais
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